terça-feira

Onde está você agora?




Ah, quanta falta você me faz. Por que você se foi assim, tão rápido? Estávamos tão felizes juntos. Eu te amava tanto, e ainda te amo.
Lembro-me como se fosse hoje do dia em que nos conhecemos. Nossa primeira conversa, nosso primeiro encontro, nosso primeiro beijo... Enfim, todos os momentos que passamos juntos. E então de repente tudo acabou. Ainda não consigo entender porque você se foi. Às vezes eu ainda sinto como se tivessem arrancado um pedaço de minha vida, e isso abriu uma ferida enorme e muito dolorida no meu peito, que ainda não cicatrizou.
Antes de receber aquela notícia, senti uma sensação de amor, alegria, e confesso que pude ate sentir o calor do seu abraço. Então o encanto foi quebrado pelo barulho do telefone.

Talvez pareça estranho, mas tive medo de atender àquele telefonema. Reconheci a voz de sua mãe do outro lado da linha. Ela tentava dizer entre soluços que você havia... Não ouvi mais nada depois daquela palavra. Desabei no chão e lágrimas rolaram pelo meu rosto, me senti perdida, completamente só. Adormeci ali mesmo. Acordei algum tempo depois, e pensei que tudo não havia passado de um terrível pesadelo, mas não, aquilo era real. E eu precisei encarar a nova realidade. Onde você não estava aqui comigo.

Abri o chuveiro e deixei a água fria cair, talvez ela pudesse lavar toda a minha tristeza. Grande engano, pois por mais que eu quisesse a ferida continuava ali, me dilacerando por dentro.

Vesti qualquer roupa preta e coloquei os óculos escuros, porque meus olhos estavam incrivelmente vermelhos e inchados, e além do mais eu não queria encarar diretamente todas aquelas pessoas. Então fui despedir-me de você pela última vez, ou pelo menos do seu corpo.

Ver você ali, deitado, pálido, sem vida, imóvel, foi uma das piores coisas que eu já senti em toda minha vida. Apesar de estar sob efeito dos calmantes eu continuava em pânico. Na verdade eu não estava ali. Havia me perdido em algumas lembranças do passado. Momentos felizes que havíamos vivido juntos. Juntos. Quando dei por mim, estava com os lábios sobre sua face, e suavemente deixei a minha última marca sobre o seu corpo. Sua pele estava tão fria. Apesar de saber que aquilo não foi o fim e de que não era o nosso último adeus, eu me sentia triste, pois agora teria que viver sem você pelo resto de minha vida. Realmente era muito difícil encarar o fato de que você havia partido e não estava mais entre nós, pelo menos com vida. Seu rosto estava tão sereno, tão delicado...

Eu me perguntava como poderia viver com todas aquelas lembranças dentro de mim, não iria aguentar. Quando entrei no meu quarto naquela noite, lá estava o nosso mural de fotos na parede, o seu retrato sobre o meu criado-mudo. Pensava em não olhar para não me lembrar, mas volta e meia estava com a sua foto em mãos. Tentava dormir, mas em sonhos eu sempre via aquele passado, onde você estava comigo me fazendo sorrir, me abraçando...




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